• Origens da Maçonaria
Para a História Moderna a Maçonaria surgiu apenas no contexto pró-democracia do século XVIII,
nomeadamente em 1717, com a criação da Grande Loja de Inglaterra, com Henry Jermyn a ser o
seu primeiro Grão-Mestre1
. Contudo, o surgimento da Maçonaria assume contornos tão distintos
que será realmente impossível colocar uma data que marque o seu nascimento. Existem contudo
várias evidências que nos permitem auferir o seu percurso inicial.
▪ Essenos
Os Essenos foram uma comunidade espiritual e mística iniciada na Cabala e no Gnosticismo
Judaico com conhecimentos religiosos que lhes haviam sido transmitidos por mestres egípcios2
.
Aliás, a Escola dos Essenos e dos Ofites faziam parte da mesma sociedade cabalista que praticava
os mesmos ensinamentos.3 Nestes pode-se destacar o habitual louvor pelo Sol como fonte de
iluminação e de revelação4
. O secretismo maçónico já existia na comunidade Essénica que,
segundo Josephus, transmitia a doutrina como esta lhes havia sido ensinada, isto é, por mitos e
simbologias; por parábolas.5 Esta sociedade possuía um conhecimento esotérico das escrituras e
poderá, até ter sido o berço de Cristo6
. Cristo nasceu, alegadamente, em Dezembro no dia do
Solestício de Inverno, que representa a força máxima do Sol, caracterizando-se assim como o Deus
Solar, como a Revelação ou Verdade.7 Ademais, a sua representação como cordeiro advém do
zodíaco já que é precisamente o signo Aries que prevalece nessa altura do ano.8 O Mito de Cristo
já existia no Egípcio – presente na sociedade Bispos de Cristo que louvavam a Sarapis e utilizavam
a cruz como símbolo mágico9
. Existe ainda mais simbologia egípcia por detrás de Cristo, como o
disco solar para ser representado como o Portador da Luz e Conhecimento10
. A Fraternidade
Essénica exigia um voto de silêncio e total servidão de cadáver do indivíduo à ordem maçónica de
modo a que os segredos nunca fossem revelados, com a sua missão a consistir na preparação de
um novo Messias. Existem, de facto, ainda mais evidências que apontem para um Jesus Esseno.
Jesus reuniu discípulos próximos de Qumran – onde os Essenos viviam – e é possível que até João
Baptista tenha pertencido à mesma tribo.11 Ademais, este não seria o primeiro Messias a ser
formado uma vez que Matatias e o seu filho Judas que haviam provocado a revolta dos macabeus
seriam também essenos12
. O princípio gnóstico estava presente na doutrina essena que, como os
Antigos Persas, utilizaram o Maniqueísmo para justificar a existência do eterno combate entre uma
força Benigna – Luz e a Maligna – Trevas. De resto, a Criação, como o Génesis o descreve, é uma
cópia exacta de como Ormuzd o criou, pelo que é percetível que uma sociedade israelita se tenha
familiarizado com estes princípios dualistas.13 Os Essenos não constituíram os rabinos que
escreveram o Talmude e as Leis Judaicas, nem reconheciam um valor absoluto na Bíblia. O
verdadeiro conhecimento encontrava-se escondido nas escrituras e tinha de ser descoberto por uma
revelação espiritual. O Sol desempenhava um papel máximo pois que, segundo Josephus, os
essenos não diziam nem uma palavra antes do Sol nascer14
. O interesse na Cabala e no Gnosticismo
podem indicar uma maçonaria primordial, embora a mensagem tenha sido corrompida pela entrada
dos judeus talmúdicos. A ralé de cabalistas franquistas, provenientes de Jacob Frank, interpretam
a Cabala como uma doutrina satânica que lhes permitiu criar as sociedades secretas que, por
debaixo dos túneis da cidade – como Goethe menciona15
– planeariam o derrube do Homem para
o triunfo de Lúcifer.
▪ Herodes e a Força Misteriosa
Findada esta primeira análise, pode-se ainda realçar a criação Maçónica de acordo com Herodes,
possuindo esta um contorno muito mais macabro e anti-cristão. Herodes terá criado a Maçonaria
como resposta aos Gnósticos Essenos – os seguidores de Jesus.16 Herodes criou esta sociedade,
denominada “A Força Misteriosa” em 43 d.C para preservar o Judaísmo enquanto que,
simultaneamente, atacava Cristo. O ritual maçónico de abrir uma sessão, tal como nos tribunais,
com um bater de um martelo três vezes seguidas advém de Herodes. Em The Origins of
Freemasonry:
“Utilizaremos o martelo porque pregou as mãos e pés de Jesus. Cada sessão terá início com um
bater do martelo três vezes seguidas.(...) Constituíremos graus.(...) Estes serão 33 para simbolizar
a idade do impostor.”
17
Além disso, as reuniões ocorriam no Templo de Salomão.18 A construção do Templo de Salomão
assenta no facto do maçon ser, como o nome diz, um freemason, isto é, um pedreiro-livre, tendo
sido estes os que construíram o templo pelo mestre Hiram – outra lenda maçónica.19 Os maçons
terão também construído a Torre de Babel20
.
O nome pedreiro-livre advém do facto destes membros possuírem direitos e liberdades que outros
membros não possuíam. Por exemplo, na Grécia de Sólon os hetarias possuíam direito livre de
construcção. Idem para os sacerdotes de Baco.
21 Contudo, a maçonaria judaica pouco ou nada
tinha em comum com a maçonaria tradicional, que não era nada mais que uma guilda. A
construcção do Templo de Salomão representa o fim da missão judaica, isto é, a criação do Império
do Sião para governar todas as nações e povos. A PAX JUDAICA, que hoje se manifesta na
degeneração da cultura e da moral, serve apenas a raça demoníaca e vampírica que, somente
portadora de vontade destructiva, necessita de viver em todos os povos, não pertencendo a nenhum,
para os submeter ao seu reinado.
▪ Collegia de Roma
As collegia de Roma possuíam os mesmos princípios – semelhantes aos de uma guilda – para
conferir tributos e privilégios especiais aos seus membros. Além dos pedreiros, haviam outras
associações (agricultores, artesãos, etc) com Plutarco a mencionar pelo menos nove escolas no
reino do Rei Numa Pompilius em 715 a.C22. O código Hammurabi da Babilónia também referencia
este tipo de associações23
.Já nesta altura surgiam conflitos de interesses entre estas sociedades e
influência política com o aumento de regulações e restrições entre 67 e 64 a.C após suspeitas de
corrupção de poder e compra de votos.24 Na Roma Antiga, estas sociedades proliferavam, quer na
forma de pedreiros, agricultores, banqueiros, artesãos, professores, médicos,etc...Pouco é sabido
do misticismo destas sociedades e é mais provável que fossem o arquétipo do que viria a ser
conhecido como as Guildas Medievais.24 Cada uma possuía o seu Deus predilecto que
simbolizava/caracterizava a acção da equipa (Sylvanus nos agricultores, Hércules nos pedreiros).
O Cristianismo manteve a acção das collegia, e auxiliou a conversão do Império uma vez que o
número de cristãos sírios aumentou ao ponto de muitos Deuses terem sido introduzidos na religião
cristã.25 Santo Agostinho chegou mesmo a comentar que lamentava a introdução de elementos
pagãos para facilitar a conversão.26 Reconhecidamente, Faustus dirige-se a Agostinho
mencionando que este apenas havia assimilado o folklore, as práticas pagãs para os introduzir ao
Cristianismo.27 A assimilação de deuses, ritos e práticas pagãs facilitou não só a conversão do
Império, mas a perpetuação destas associações. Terá sido nesta época que a Maçonaria assumiu a
sua obsessão com os contornos geométricos tão presentes na sua simbologia. A arquitectura
Romana fora influenciada pela Asiática, nomeadamente pela Síria e mesmo após as invasões dos
ditos “bárbaros” – os Gauleses e os Visigodos – a maçonaria manteve-se activa e as sociedades
continuaram a prosperar, inclusive também durante o reinado dos Longobardos28
. A influência
Neo-Platónica e Hermeticista da Maçonaria tem as suas raízes no Oriente de onde mais tarde
também os Templários haveriam de adquirir conhecimentos da Cabala, uma vez que foi com
Justiniano que o pensamento filosófico atingiu o clímax29
. Este conhecimento teria já sido
transmitido por Pitágoras e por Plotinus, com Ammonius Saccas a reviver estes ensinamentos que
seriam, posteriormente, incorporados na Teosofia da Madame Blavatsky30
.